09/06/11

Professor Doutor Armando Moreno

Armando Moreno, natural do Porto, nasceu em 19 de Dezembro de 1932. Professor Catedrático da Universidade Técnica de Lisboa, tem vários prémios atribuídos, obras publicadas e outras distinções ao longo da sua carreira ligada à medicina, bem como, outros de elevada relevância ligados ás Artes e Literatura.

Com uma ligação profunda à ornitologia que se iniciou no final da década de trinta do século XX, Armando Moreno foi mentor da primeira raça de canários portuguesa:

1938 – Faz visitas ao domingo à feira de aves do Mercado do Bolhão, no Porto. Ali se exibiam os chamados passarinheiros, mostrando lado a lado aves selvagens e canários. Com cerca de 6 anos, foi o baptismo e aprendizado inicial

1945 – Com o fim da II Grande Guerra, teve as suas primeiras aves: pintarroxos, pintassilgos, verdelhões

1947 – Depois de criar pombos de fantasia, passou a dedicar-se ao desporto columbófilo, obtendo vários prémios

1949 – São-lhe oferecidos os dois primeiros canários

1951 – Dedica-se à criação de Pardais de Java

1952 – Adquire dois casais de canários do Harz, raça a que viria a dedicar-se durante os cerca de 30 anos seguintes, quer em Portugal quer em Moçambique, visitando exposições em Joanesburgo

1974 – Regressado a Portugal, mantém a criação de canários do Harz tornando-se, nos anos seguintes, Campeão em todas as classes. Dá origem à primeira linha de canários a nível mundial Canto-Cor variedade Harz Opal com poupa. É neste período que abre os seus conhecimentos práticos à grande Ornitofilia, criando a maioria de variedades de aves exóticas e de psitacídeos, de pequeno e grande porte, dedicando especial atenção à criação manual de catatuas que mantém até à actualidade, em colaboração com sua esposa Maria Guinot

19?? – Assume a Direcção da Associação dos Avicultores de Portugal, que se encontrava em completo abandono, reabilitando-a, sendo Tesoureira sua esposa, Maria Guinot. Levam a cabo duas Exposições, em Oeiras e na Estufa Fria, reorganizam as contas, apoiam os sócios, levantando a agremiação.

1985 – Desencantado por só existirem raças de canários estrangeiras, concebe a ideia de uma raça portuguesa de canários, dedicando-se ao estudo das possibilidades. Percorre as feiras para recolher aves tradicionais genuinamente portuguesas

1986 – Perante os canários recolhidos, estuda a linha que lhe parece mais adequada. Imagina e desenha uma ave semelhante à tradicional portuguesa, ancestral, viva, esbelta, pata alta, com malhas claras e escuras mas, para introduzir uma diferença que a caracterizasse, introduz o vermelho mosaico e decide-se, perante a variedade de poupas que aqueles pássaros apresentavam, ovais, redondas, triangulares, por estas últimas para diferenciar do Poupa Alemão e de outras raças. Estes estudos prolongaram-se por 10 anos. Estabeleceu várias linhas de selecção a fim de evitar a consanguinidade apertada. Por fim estudou o nome, procurando que fosse fácil de traduzir nas várias línguas e caracterizasse a variedade de cores: Arlequim e, para marcar bem o orgulho de ser a primeira raça de canários portuguesa adicionou Arlequim Português. Faltava estabelecer o standard que fez antes de apresentar a ave em público. Enquanto procedia à criação e selecção desta ave imaginária, ia tratando de outros aspectos: estabeleceu um standard com as pontuações, indicou os defeitos mais importantes, iniciou o registo de todos os dados a fim de vir a ser escrita a História da ave.

Durante 10 anos, procedeu à selecção das aves, estudando os resultados, pondo de lado os exemplares que não correspondiam ao ideal previsto. A fim de evitar adulteração das linhas de criação assim obtidas, manteve todo este trabalho entre as paredes do meu criadouro, sem o divulgar, preferindo apresentar a ave já no seu esplendor. Apenas alguns amigos mais íntimos observavam as selecções que ia fazendo até que, tendo obtido um certo número de aves, começou a divulgá-las entre esses amigos, continuando à procura de novos exemplares nas feiras para criar novas linhas. Assim se constituiu o primeiro grupo de criadores.

Foi também neste período que, sentindo a falta de uma Federação Portuguesa de Ornitofilia, decide lançar as suas bases. Para o efeito, divide o País em duas zonas, Norte e Sul, criando duas Associações com igual número de clubes, pensando unificar as duas Associações numa única Federação, projecto que entregou depois de uma reunião ocorrida no Entroncamento e vem sofrendo, como é sabido, as mais incríveis vicissitudes que o seu criador não pode prever.

1997 – Uma vez obtida a fixação da raça de canários, decide que estava na hora de divulgá-la. Assim, considerando a raça estabilizada, apresenta os primeiros exemplares no 43.º Exposição da Associação de Avicultores de Portugal, em 1997, tendo sido apreciados pelos visitantes, criadores e representantes do Colégio de Juízes. Como era de esperar, esta apresentação suscitou vozes diversas e opiniões variadas. No mesmo ano, estiveram também presentes no 58.º Campeonato Nacional realizado na Exponor, suscitando, então, mais curiosidade.

Entretanto, para consolidar todo o trabalho realizado, decide formar o Clube do Canário Arlequim Português, o primeiro clube temático português que, de início, dispunha apenas de 18 criadores mas se desenvolveu rapidamente.

1998 – Emite, então, para conhecimento dos criadores, as regras de protecção à pureza da raça. Com esta finalidade, propõe, entre os sócios que se limitasse a troca e venda de pássaros entre sócios do Clube a fim de se manter a pureza dos exemplares existentes. Isto porque começavam a surgir ataques de todos os lados de criadores menos escrupulosos e detractores que pretendiam fabricar pássaros sem critério de selecção adequado, o que conduzia ao falso julgamento e deterioração das linhas seleccionadas.

Desenha, então, o logótipo do Clube, com a finalidade de apresentar esta ave como pertencente a todos os criadores portugueses, exibindo, nesse logótipo, além do desenho de um exemplar do canário, o mapa de Portugal.

No 59.º Campeonato Nacional realizado em 1998, apresenta a raça sendo classificados extra concurso pelo Colégio de Juízes, pela primeira vez. Foram apresentadas 6 aves das quais só 4 foram classificadas.

Ainda nesse ano colabora em numerosos colóquios, exposições, percorrendo o País com as suas pequenas aves e fazendo várias viagens ao estrangeiro, França, Bélgica, Itália, Alemanha, Inglaterra, Espanha, para dar a conhecer a nova raça.

Foi também neste ano que publicou os primeiros artigos em revistas da especialidade e obtém as primeiras fotografias do Arlequim para publicação.

Em fins de 1998, cria o Boletim do CCAP, de seu nome O Arlequim, tendo sido enviado a todos os sócios. Tratava-se de duas modestas páginas a preto e branco mas que passou a sair regularmente, com o intuito de esclarecer os criadores sobre o modo de seleccionar as aves para criação e, ao mesmo tempo, aglutinar os criadores na causa da raça portuguesa.

Foi também em 1998 que publicou o primeiro artigo na Imprensa internacional referente ao Arlequim, inserido na prestigiada revista Le Monde des Oiseaux, com fotos do Arlequim. Este artigo originou um movimento de pedidos de reprodutores por parte dos criadores belgas.

1999 – Reorganiza o Clube de que passa a ser Presidente.

2000 – Publica um extenso artigo sobre o Arlequim na revista Le Monde des Oiseaux, ficando o problema da poupa, com novas fotos. Entretanto, também a revista O Arlequim continuou a ser enviada para vários países, originando o interesse pelos seus artigos. Neste mesmo ano, publica um livro ilustrado sobre o Arlequim, em edição bilingue, português e francês.

2002 – É eleito sócio honorário da Associação de Avicultores de Portugal pelo seu trabalho na criação da única raça de canários portuguesa. Por decisão da Direcção, é nomeado Presidente Honorário do Clube do Canário Arlequim Português.

2010 – É-lhe prestada homenagem pelo Clube do Canário Arlequim Português.

Armando Moreno

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